O segundo sistema imunológico que pode arruinar sua vida amorosa
Sua vida social sofre influência do "comportamento imunológico. |
Pesquisadores de psicologia da
Universidade MCGill, em Montreal, no Canadá, estão sugerindo que, ao contrário
do que se pensava, não é a “química” ou interesses mútuos que fazem as pessoas
se apaixonarem, mas sim um sistema imunológico comportamental.
Seu sistema imunológico
fisiológico (células, órgãos e gânglios linfáticos) defende o corpo de
patógenos invasores, o sistema imunológico comportamental depende de impulsos
sensoriais subconscientes para te afastar do potencial perigo. Apesar do
conceito do segundo sistema imunológico existir há 10 anos, a noção de que
humanos e outros animais alteram seu comportamento para evitar doenças
transmissíveis foi demonstrada em centenas de estudos. Esse sistema pode ser a
razão pela qual você sente a necessidade de trocar o assento do ônibus quando a
pessoa ao lado está muito gripada ou sente nojo de certos odores, por exemplo.
Suas reações a esses estímulos
podem preparar as células brancas do sangue para ação. Essa resposta
imunológica também pode arruinar seu encontro, de acordo com o estudo publicado
na edição de fevereiro de 2018 – O amor é assustador: 12 estranhas fobias – do
periódico Personality and Social Psychology Bulletin.
"Descobrimos que quando o
sistema imunológico comportamental foi ativado ele pareceu colocar um freio no
caminho para nos conectar socialmente com nossos pares", revelou o autor
do estudo, Natsumi Sawada, psicólogo e ex-aluno da Universidade McGill.
Imune ao romance?
Para o estudo os pesquisadores
utilizaram pessoas de 18 a 35 anos, solteiras e heterossexuais, e as colocaram
em experiências presenciais ou online de speed-dating
(encontros rápidos). Antes dos encontros cada participante respondeu um
questionário para medir o que os pesquisadores chamavam de vulnerabilidade
percebida à doença, com questões como "Evito usar telefones públicos
devido ao risco de pegar algo de um usuário anterior".
Em seguida, os participantes
sentaram-se para uma conversa de 20 minutos com um par, fizeram um teste de
velocidade de 3 minutos ou classificaram uma série de perfis de encontros online
feitos sob medida para o estudo. Os solteiros classificaram a atratividade de
seu parceiro em potencial e quão parecidos ou não eles eram. Em todas as tentativas,
os participantes que estavam mais preocupados com germes e infecções foram
consistentemente classificados como menos amigáveis, assim como estes
preocupados com germes sentiram menos interesse romântico em seus parceiros.
Para garantir que essa correlação
fosse mais do que uma coincidência, os pesquisadores exibiram um vídeo de 2
minutos chamado Top 10 Revolting Hygiene Facts (10 fatos mais revoltantes sobre
higiene) para metade dos enquanto a outra metade assistiu a um vídeo qualquer.
Mais um speed-dating foi realizado e quem
assistiu ao vídeo sobre higiene relatou ter "significativamente menos
interesse romântico" do que o outro grupo.
"Os resultados sugerem que,
além de como consciente ou inconscientemente pensamos e nos sentimos com
relação a outras pessoas, há outros fatores que podem influenciar na forma como
nos conectamos, como o medo da doença” explicou Sawada.
Se isso parece com a sua vida
amorosa, considere que o beijo pode ter evoluído como uma ferramenta
imunológica. Toda vez que você troca saliva, também troca feromônios, hormônios
e milhões de bactérias que podem conter informações genéticas importantes sobre
o seu parceiro.
Tradução Livre por Bianca Rossoni - Original https://www.livescience.com/